Poucas coisas em marketing são definitivas, mas trago aqui oito aprendizados valiosos de uma década trabalhando na indústria.
Depois de quase uma década trabalhando com marketing e marcas em diferentes indústrias, no Brasil, Reino Unido e muitos outros países do mundo, fiz uma listinha com os principais aprendizados para quem quer se dar bem nesse meio.
A listinha é fruto dessas minhas experiências com clientes das maiores marcas do mundo, colegas de consultoria e dezenas de artigos e livros que li nos últimos anos. Vamos lá, aos oito aprendizados!
1. SE AVENTURE POR TODAS AS ÁREAS DO MARKETING
A coisa que mais me fascina nessa disciplina é a diversidade de áreas, habilidades e perfis. Marketing é uma das poucas áreas que oferece desde carreiras super criativas, como direção de arte em uma agência, até carreiras super científicas, como pesquisador de mercado. Independente da área que você se especializar, procure conhecer um pouco sobre o que cada área faz e como elas contribuem para desenvolver marcas, impactar consumidores e gerar retorno para o negócio. Seja curioso, pergunte o que colegas de outras áreas estão fazendo e o porque.
2. EXPLORE O LADO ESQUERDO E DIREITO DO CÉREBRO
Apesar de existir um debate sobre se é verdade ou não, como metáfora funciona bem: o marketing é uma dessas áreas que se destaca quem consegue ser ao mesmo tempo extremamente criativo e diligentemente lógico. Se você está mais em um lado do que do outro, procure se relacionar, aprender e ser desafiado por pessoas do outro lado.
3. COMPLEMENTE A SUA SKILL PRINCIPAL COM UMA COMPLEMENTAR
Desenvolver e se especializar em uma área é essencial. Mas você vai se diferenciar se combinar essa habilidade com uma segunda, de uma área diferente e complementar à primeira. Por exemplo, minha especialidade sempre foi estratégia de marca. Mas na faculdade eu sempre me interessei por finanças, e consegui trazer essa habilidade para fortalecer minhas recomendações estratégicas. Mais para frente, procurei desenvolver meu lado criativo, uma skill que não me é natural, mas que foi um terceiro complemento muito bom para o resto. Outro exemplo é o de uma diretora de design com quem trabalhei junto - ela sempre dominou a área que comandava, mas também sempre teve um lado business muito forte, sempre trazendo uma lógica inteligente de como uma melhora no design impactaria resultados do negócio.
4. DO GREGO, STRATIGIKÍ: SEJA SEMPRE ESTRATÉGICO
TikTok, Snapchat, realidade virtual, impressão 3D, digital influencers: é muito fácil se perder nesse parque de diversões hypado do marketing. Mas isso é tudo que são: ferramentas que devem servir uma estratégia, sob o risco de custarem caro e não levarem a lugar nenhum. Nunca se deixe levar por novidades tech que prometem ser "the next new thing". Vale a pena testar, mas só se essas ferramentas servirem o plano estratégico da sua marca.
E não faça como muita gente faz: usar estratégia só para justificar uma idea previamente concebida. Se for pra ser assim, nem perca tempo e admita logo que você ou o time tem uma idea que saiu da cabeça de alguém. Não tem problema nenhum, é só testar em pesquisa ou em um lançamento piloto no mercado.
5. CRIATIVIDADE É IMPERATIVO, MAS REQUER CORAGEM
Marketing é a área que as pessoas esperam novas ideias, insights que abrem a cabeça, estórias que encantam, design e comunicação que estimulam os sentidos e emocionam. E não se engane, as pessoas vão esperar isso de você, mas ao mesmo tempo, empresas vão cobrar racionalidade e lógica o tempo todo. Nesse aparente paradoxo, tenha sempre em mente que todo planejamento do mundo é inútil se não for executado com imaginação e criatividade. Tenha a coragem de defender suas ideias, mesmo que no começo elas não venham com todas as justificativas racionais.
6. SEJA AMIGO DOS DADOS E DA LÓGICA DE NEGÓCIOS
Eu conheci muitos profissionais na minha trajetória que tinham aversão à dados e números: seria o fim da criatividade. Do lado oposto, conheci muitos profissionais obcecados por dados: seria a solução para uma área que não tem a mesma disciplina de outras funções. A realidade não é nem uma nem outra, mas você vai se dar melhor se conseguir lidar bem com dados e entender como eles podem ajudar o negócio (não tem mistério, mesmo!). Não deve ser o principal ponto de partida para ideias criativas, mas ajuda a valida-las no mercado. Não esqueça - você pode ter ideias geniais e revolucionar um negócio com uma inovação inesperada. Mas no final das contas, marketing é uma ferramenta do negócio com a função de vender mais, hoje e no futuro.
7. ÓBVIO MAS DIFÍCIL: CONSTRUA RELACIONAMENTOS DE CONFIANÇA
Esse ponto é especialmente importante. Marketing é uma disciplina difícil porque só funciona bem quando todas as áreas internas e parceiros externos estão muito bem alinhados: no final das contas, a experiência do consumidor é uma só. Procure entender as teias de relacionamentos de diferentes funções da empresa com que trabalha e dos seus parceiros e agências, encontre pessoas chave e explore como você pode aprender e ajudar.
8. VÃO ESQUECER O CONSUMIDOR. NÃO SEJA ESSA PESSOA!
Se todas as atribuições do marketing fossem varridas do mapa e ficasse apenas uma, teria que ser a de guardião dessa pergunta: "isso é importante para o consumidor?". É incrível como essa pergunta, tão simples e óbvia, ainda acaba sendo esquecida por empresas e agências. Dá trabalho conversar com pessoas na vida real. Custa caro e leva tempo fazer pesquisa. Mas não levar em conta o consumidor é simplesmente jogar tudo para alto e tacar o f***-se para a razão ser do marketing. Traga o consumidor para qualquer trabalho que você for fazer, mesmo que tempo e dinheiro só permitam um bate papo com meia dúzia de pessoas que compram a marca.
Valeu pela leitura e não esqueça de me falar qual dos 8 aprendizados você achou mais valioso!
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Foto de capa por Dino Reichmuth
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